Entrevista a António Francisco Lourenço

António Francisco, mais conhecido por “Tó Xico” ex-jogador da equipa Senior do White Sharks (ou talvez “não”), respondeu-nos a umas questões onde revela vários aspectos sobre a sua vida pessoal e a relação com o baseball.

Há quanto tempo começaste a jogar baseball? Como o fizeste?
Desde miúdo que tinha um fascínio por este desporto, muito pelo que via em filmes Americanos e desenhos animados Japoneses. A ideia de um desporto que se jogava com uma luva e um taco era completamente fascinante. Infelizmente e com muita pena minha, descobri que podia jogar baseball na Europa e em Portugal já bastante tarde.
Comecei em 2009, tinha 23 anos e estava meio do meu mestrado em Tilburg, na Holanda. Por mero acaso, a minha residência universitária ficava perto de um campo de baseball nos arredores da cidade. Não demorei muito a aparecer por lá e a juntar-me aos treinos. Mais tarde vim a perceber que a Holanda é um dos países da Europa onde mais se joga Baseball, muito por influencia da comunidade caribenha vinda das ex-colónias holandesas em Aruba e Coraçao.Em 2010 volto para Portugal e descubro o White Sharks. E o resto, como se diz, é conversa!

Qual o momento mais marcante para ti desde que jogas baseball? Podes explicar-nos um pouco?
Provavelmente a nossa primeira vitória europeia no Qualifier europeu em Namur na Bélgica, em 2012, frente aos Espoo Expos da Finlândia por 11-1. Se não me engano, foi a primeira vitória de uma equipa portuguesa a nível internacional. Foi um jogo em que não saí do banco mas viver aquele momento com a equipa foi absolutamente inesquecível.

Qual a tua ligação atual ao White Sharks?
Considero-me um membro da equipa! Apesar de viver em Inglaterra desde 2015, faço um esforço para me manter em contacto com a malta. Torço e sofro por fora e no ano passado cheguei mesmo a ir a Portugal de propósito para jogar uns jogos. Desde o ano passado que me juntei a uma equipa local, os Herts Falcons, mas vejo esta ligação como uma forma de me manter em forma para quando os WS precisarem e eu puder ajudar! Um pouco como no futebol, pertenço aos quadros dos WS mas fui cedido aos Herts Falcons!

Fala-nos um pouco da tua vida pessoal/profissional?
É com muito orgulho que digo que os White Sharks me deram os meus dois maiores amores da minha vida: o baseball e a minha mulher, que conheci através do nosso grande capitão (e amigo!) João Tiago, e com quem vivo em Inglaterra desde 2015. A nível profissional, decidi vir para Inglaterra para explorar uma carreira diferente depois de alguns anos num trabalho de que não gostava. Hoje trabalho como gestor de produto para um fabricante de pavimentos, em particular para transportes públicos como autocarros e comboios, que é uma área de que gosto muito. Atualmente, eu e a minha mulher vivemos numa pequena aldeia no campo, em Hertfordshire, algures entre Londres e Cambridge, juntamente com um gato adoptado de 9 anos.

Como achas que o baseball impacta a tua vida pessoal?
O baseball continua a ser uma forma de escape essencial, uma ajuda preciosa para combater o stress do trabalho e uma motivação para me manter activo e na melhor forma física possível para poder praticar baseball com confiança. No entanto, e acima de tudo, o baseball tem sido uma forma única de conhecer pessoas novas e criar laços. Em 2010, quando cheguei ao White Sharks, vinha de um período difícil a nível pessoal, mas fui acolhido sem cerimónias nem hesitações e foi neste clube que fiz algumas das melhores amizades da minha vida e de quem hoje em dia tenho sempre saudades.

Que futuro vês para o baseball e para o White Sharks?
O Baseball está hoje sob enorme pressão para mudar e modernizar-se, principalmente no sentido de ser jogado a um ritmo mais rápido e com menos paragens. Acho que a ideia aqui é tornar este desporto mais apelativo e fácil de apreciar, principalmente em comparação com Basquetebol, o Futebol ou o Futebol Americano. Não sei bem o que pensar disto. Por um lado acho que o que torna o baseball um desporto tão especial é a sua ligação histórica com muitas gerações passadas e o facto de ser um jogo com tanta tradição e tão drasticamente diferente de tudo o resto.

Por outro lado, é um facto que sem apelar a gerações futuras o baseball não pode sobreviver e por isso é essencial encontrar este equilíbrio entre tornar o jogo mais apelativo e comercial, sem alterar a sua essência e o seu peso histórico. Para o White Sharks e para o baseball em Portugal este desafio é ainda maior. Num país completamente sufocado pelo Futebol, é muito difícil expor crianças portuguesas a algo tão diferente como o baseball e esperar que elas não estranhem um jogo que não requere gente a correr de um lado para o outro constantemente.

No entanto, acredito que com a ajuda das redes sociais, o baseball em Portugal nunca gozou de tantas ferramentas para se divulgar e dar-se a conhecer às gerações mais novas como hoje. Juntamente com melhores infraestruturas e condições acho bem possível que se continue a crescer e a dinamizar esta modalidade! Ao White Sharks só falta mesmo um campo para poder dar o salto enquanto clube e instituição máxima do Baseball em Portugal e continuar o excelente trabalho que tem feito até hoje!

 

Queremos agradecer imenso a disponibilidade do “Tó Xico” para a entrevista e para os muitos anos que vem dedicando ao clube!

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